Uma rosa nas pedras

Caminhava nos lugares usuais mas fiz um trajeto inverso. Sentia-me com a mesma disposição de sempre mas também me sentia cansada. Um pouco cansada pelo caminhar, mas bem cansada por dentro, quase triste. Sabe quando o descaso do mundo vira um cansaço intenso?

Neste dia, caminhando, encontrei essa rosa nas pedras. Pedras, para flores, são um ambiente muito hostil, seco de perspectivas e destruidor de sentimentos. Pensei primeiro em um texto sobre mulheres maduras, ainda coloridas, com bastante viço, mas com algumas descolorações aqui e ali e que vivem nas pedras da meia-idade. Quando pensam que tudo a nosso respeito tem de ser morno e desbotado, onde não há espaço para exercermos cores vibrantes, potenciais, possibilidades, anseios, o desejo. As pedras são onde o mundo condena mulheres de meia-idade a murcharem sem serem plenas, sem viver. É degradante, é brutal, é dolorido se ver invisível aos olhos do mundo. Quem busca flores em pedras?

Mas pensei melhor e entendi que a rosa que estava nas pedras era sobre a guerra du jour e as mulheres. Se você tem empatia, as guerras, mesmo que distantes, se entranham em seu espírito e sua alma. Guerras dão um cansaço generalizado porque nunca são sobre as pessoas que sofrem, são pela arrogância de ridículos tiranos e interesses econômicos escusos. Homens, em sua avassaladora maioria. Mas são as pessoas comuns que pagam o mais alto preço. Principalmente as mulheres. Lá no caos da guerra, são elas as violadas. São elas as mães e avós que perdem seus filhos e netos, esposas que ficam viúvas, mulheres que ficam marcadas para…